Um joelho ralado, uma torção no tornozelo e uma reflexão...

Sexta feira, 28 de setembro, eu ia levando os meninos para a escola e os observava, orgulhosamente, a ter uma conversa longa que teve início quando saímos de casa.
Eis que, ao descer da calçada (passeio) caí. Pura e simplesmente, caí!

Nesses momentos cada segundo dura um século, eu pensei em muitas coisas. Mas começou a história com um pensamento do dia anterior; Enquanto me trocava, na quinta feira, tive uma epifania daquelas. Realizei que sou um adulto só e muitas vezes estou sozinha com os três. Só de realizar esse pensamento na minha mente (perturbada de mãe ansiosa) já me subiu um frio na espinha.

Tantas possibilidades de algo dar errado, mas tantas... que desviei o pensamento e passei meu creme e assim dissuadi meu cérebro dos pensamentos.

Mas foi no dia seguinte que concretizei o fato de não sermos absolutamente NADA.

Caí, e na hora só ouvi o Lucca a chamar em tom de desespero: - Mãe!!! e ali antes mesmo de saber se tinha tudo nos seus devidos lugares, foi essa palavrinha de três letras que me colocou em pé rapidamente.

Não me dei ao luxo de sentir a dor que meu corpo demandou, mas limpei as pedrinhas que arranharam-me as mãos, e nessa linha de raciocínio, obviamente, não parei pra olhar o sangue que eu senti descer pela calça. Felizmente a calça era preta.

Andei, andei e andei todos os 500 metros que faltavam pra cumprir o percurso de deixar os dois na escola. Cada tocar do pé direito no chão era um lembrete da minha insignificância diante daquela queda banal e um lembrete da minha mortalidade.

Deixei o Antônio, esperei que guardasse a mochila, aguardei que o Lucca procurasse a amiguinha que ficou no JI por mais este ano. Ela não estava, quando já tínhamos passado da porta ela ia chegando. Voltamos para ele dar-lhe um abraço (isso faz imensa diferença nesse período de transição). Depois caminhamos lentamente para a porta da Escola Básica, aguardei o sinal tocar com o Lucca. Depois de vê-lo entrar feliz e confiante, respirei fundo e senti a minha dor.

Cogitei ir andando devagarinho... não durou meio quarteirão. Parei, assumi que sou humana e pedi um Uber.

O pior não foi cair, nem aguentar a dor. Foi concretizar o pensamento do dia anterior de maneira tão vívida. Algo deu errado.
Por sorte foi uma coisa contornável, mas serve de lembrete para percebermos quanta sorte tenho e quanto preciso agradecer por na grande maioria das vezes ter tudo correndo bem.

Além disso, mãe cai, chora, ri, tem dor de cabeça. Eu geralmente deixo que meus filhos percebam que não sou uma entidade acima do bem e do mal. É importante para caminhar com humanidade e empatia.

O que eu acho que eu não percebo as vezes (daí o puxão de orelha com a queda) é que eu não sou uma entidade, rsrsrs.




Me despeço por aqui...

Muitos beijinhos.


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