Ter um filho em Portugal - Parte 3

Vamos à internação...


A internação foi a parte mais tranquila de ter um filho aqui. Diferente das outras vezes dessa vez eu não tinha visitas e embora quisesse apresentar a Isabella às pessoas pude sentir também como é ter a privacidade para curtir esse comecinho só com ela. E vou dizer que foi muiiiiiito bom.
No pós parto dos três filhos eu passei a primeira noite com eles no colo. O pouco que dormi com eles no colo (embora os especialistas não recomendem dormir com o bebê no colo).
Não é que eu estivesse super consciente disso, e na verdade na primeira noite com o Lucca (o mais velho) eu nem sabia o que fazer. Mas ele estava lá, e fazia aqueles barulhinhos do bebê e eu também estava lá... eu queria mais é que ele continuasse a fazer parte de mim. Queria que sentíssemos como ainda éramos próximos, e foi tão bom que repeti isso com o Antônio e com a Isabella.

O quarto

A enfermeira responsável por mim se chamava Margarida, ela a sua auxiliar de enfermagem (que eu infelizmente não lembro o nome) me levaram para o quarto e fizeram todo o possível para eu me instalar com conforto.
Trocaram minha roupa, o lençol da cama (porque você sobe com a cama da internação), trocaram meu curativo (penso). Depois de me instalarem me ofereceram o chá com bolachas, me deram os remédios e trocaram a Isabella para mim. Duas profissionais incrivelmente humanas e competentes.

O quarto é limpo, arejado e grande. A tecnologia também é de ponta, não deixa nada a desejar ao quarto que fiquei no São Luiz - Itaim (um hospital particular muito bem referenciado de São Paulo). O banheiro era privado e todo bem equipado (exceto a cortina do box que não tinha e aí na hora do banho era uma molhadeira). Falando em banho, no primeiro dia você acaba não podendo tomar banho se recebeu anestesia (pelo menos foi isso que as enfermeiras me disseram) você fica com um catéter para receber remédio plugado e para não deslocar o catéter não tem banho!

Há televisão no quarto mas eu acabei não usando, o hospital não fornece o controle remoto se você quiser tem que comprar um e levar, e eu não achei que fosse fazer tanta diferença.
O mobiliário do quarto é  cama de hospital (com todos os sobes e desces), uma poltrona reclinável, uma cadeira, o armário, a mesa de refeição e o bercinho do bebê.

As Refeições

Pela manhã vem o café da manhã (que aqui se chama pequeno almoço) que é composto por uma fruta, um café com leite ou chá, um pão com manteiga e umas bolachinhas do tipo Maria.
Por volta das 12:30 vem o almoço que é muito bem servido, e sempre vem uma fruta com sobremesa.
Há um lanche da tarde que não me lembro muito bem o horário que é um chazinho com bolachas. E por volta das 19:00 vem a janta que também é muito bem servida.
Por fim há ainda um chá da noite com bolachas.

Há uma torneira no quarto e aqui é usual beber água da torneira, mas eu não costumo beber então pedi ao marido que trouxesse garrafas de água mineral para deixar no quarto e pedi também umas bolachinhas. Eu acabo passando boa parte da noite acordada no hospital, e juntando isso à amamentação eu precisaria de alguma coisa para ter energia.
Você pode levar para o hospital alimentos não perecíveis e deixar no armário da mesa de refeições.

Visitas

As visitas são permitidas das 12:00 às 20:00. O pai também pode acompanhar nesse horário. Podem entrar no quarto dois visitantes por vez. No meu caso foram meu sogro, minha sogra e os meninos (criança irmã do recém nascido não conta como visita). Não esqueça de levar os documentos. Como eu mencionei anteriormente só tem uma cadeira no quarto... o que não é ruim na minha opinião, mas essa é a minha opinião, rs.

A minha experiência particular foi boa. Gostei da equipe e correu tudo bem.

A Isabella teve uma icterícia causada pela incompatibilidade sanguínea e teve que ficar no banho de luz. O ponto positivo do Hospital de Cascais é que o banho de luz pode ser feito no próprio quarto. Dessa maneira ela pôde ser amamentada quando tinha fome, sem comprometer o banho de luz e sem que eu tivesse que ir à outro lugar.
O ponto negativo é que a noite você fica sozinha com o bebê e ela ficou muito incomodada com o banho de luz (a pele fica seca, assim como os lábios e fica quente na incubadora, além dos óculos que caem toda hora) e eu tive que ficar monitorando o tempo todo. Os óculos caiam, ela chorava, queria colo, foi bem complicado e eu fiquei um pouco stressada e não dormi nesta noite.

No dia seguinte ela ia bem, até que no final do dia começou a amarelar de novo e teve que fazer mais banho de luz. A bilirrubina no sangue (que causa o amarelado) é tóxica para o organismo acima de 15 mg/dl e pode causar até problemas neurológicos. E a Isabella beirava os 14,5 mg/dl neste dia. Foram mais 12 horas de banho de luz para ajudar o fígado a filtrar toda a bilirrubina. E ela precisava mamar muito, como o leite ainda não desceu nessa fase ela tomou uma mamadeira de complemento neste dia, pois pela urina se elimina a substância tóxica e o organismo fica limpo.

Não saímos após 72 horas do nascimento dela como seria previsto, ficamos mais um dia no hospital, mesmo estando com os valores muito bons após o banho de luz, por precaução. Foi ruim, mas foi bom. Deus sabe como eu detesto dormir em hospital (até porque não durmo), mas foi bom porque meu leite desceu, ela começou a mamar muito bem e a partir daí eu sabia que quanto mais mamasse mais cedo ia embora a icterícia!

Reflexão

Este nascimento não foi repleto de visitas, flores, bombons e rodeado de familiares. Mas foi intenso, cheio de amor e tivemos ali no Hospital de Cascais um tempo só pra nós duas. As horas caminharam mais devagar, nós pudemos conversar e fazer dos nossos primeiros dias um momento inesquecível. Eu só posso avaliar isso de maneira positiva, pois como já temos os meninos em nossas vidas a chance de não termos tempo pra viver esse pós parto com calma era muito grande.

Esse foi o nascimento da calma. Uma calma que até parecia coisa de mãe experiente, mas não é bem isso... é uma calma de principiante. A calma de dar lugar aos sentimentos, aos medos, às tensões assim como às alegrias. A calma de quem tem suporte espiritual e familiar e de quem sabe que não precisa estar junto fisicamente para estar perto.

Quando mudei para cá, eu achava que esse seria o momento mais difícil, e é claro que eu gostaria muito de ter ao menos meus pais aqui, mas eles me fizeram sentir tão amada que posso dizer que foi muito menos difícil do que pensei. A tecnologia ajuda muito, mesmo!

Sobre o Hospital de Cascais, na internação tive todo o suporte e atendimento diferenciado que fazem do hospital um hospital 5 estrelas! Certamente são boas lembranças

Me despeço por aqui...

Beijinhos








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